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Qual é o segredo de mulheres que mantêm o desejo sexual em relacionamentos prolongados?

Foto do escritor: Edvanderson RodriguesEdvanderson Rodrigues

Atualizado: 16 de dez. de 2024

Pesquisa feita por Gerli Araújo e Valeska Zanello, da Universidade de Brasília, investiga por que apenas 10% das mulheres manifestam desejo ativo em relações de mais de um ano, e o que elas têm a nos dizer sobre o prazer

Por Manuela Azenha - Redação Marie Claire — São Paulo

Imagem de HANSUAN FABREGAS por Pixabay


Conhecer o próprio corpo e saber seus pontos de prazer é importante para atingir o orgasmo.

 

É possível manter o desejo sexual em relacionamentos prolongados? Para responder a essa pergunta, as pesquisadoras Gerli Araújo e Valeska Zanello, da Universidade de Brasília, conduziram o levantamento “É o meu prazer”: fatores subjetivos implicados em mulheres com desejo sexual. Dentre as participantes - mulheres cis e hétero -, apenas 10% apresentou desejo ativo, espontâneo, em relacionamentos de mais de um ano, aponta Araújo.

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“Concluímos que elas passaram por um processo, partindo muitas vezes do lugar da passividade e dos estereótipos de gênero reservados à mulher como objeto de desejo do outro, para um lugar no qual reconheceram e agiram em prol das suas próprias vontades”, explica a ginecologista e mastologista, mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela UnB.

 

A diminuição ou falta do desejo é a queixa sexual mais comum no consultório de ginecologia, diz a pesquisadora. E é quatro vezes maior entre as mulheres que nos homens. “Sabemos que entre as mulheres heterossexuais em relacionamentos prolongados (como são considerados os relacionamentos com 1 ano ou mais) predomina o desejo responsivo (conceito da pesquisadora Rosemary Basson). Isso significa que 90% das mulheres entram na relação sexual por iniciativa do parceiro, pelo desejo do homem.


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As motivações dessas mulheres são variadas: evitar um conflito na relação; receber os ganhos secundários afetivos a partir da satisfação da parceria; ter prazer na relação mesmo sem ter tido a iniciativa, entre outras coisas. Mas o porquê dessa diferença permanece carente de maior compreensão”, destaca Araújo.

 

A pesquisa separou quatro categorias para explicar o grupo de mulheres que mantiveram o desejo sexual.

 

Desromantização dos relacionamentos e do sexo: se apropriando do seu desejo e não se limitando a ser objeto de prazer do outro. Questionaram os tabus e descontruíram conceitos negativos sobre o sexo, enxergando-o como fonte de prazer físico, que pode ser desfrutado sem culpa.

Exercício de si mesma: desenvolveram traços de maneira de interagir com o mundo, que as colocaram no centro das suas escolhas, não se submetendo a relacionamentos insatisfatórios e estabelecendo limites. Investiram na sua auto estima, independência afetiva e financeira, o que as deu autonomia para fazer escolhas.

Relações mais simétricas: baseadas na cumplicidade, intimidade, afeto e erotismo, sem que os papeis de gênero fossem tão demarcados. Por um lado, mulheres mais assertivas, mais apropriadas dos seus desejos, e permanecendo com a capacidade de se doar no relacionamento. Por outro, homens que não se furtam de demonstrar afeto, menos egocentrados, e atentos ao bem-estar das parceiras.

Vitalidade e Vivacidade: qualidade de sentir prazer em aspectos variados da sua vida, terem energias para buscarem, aprenderem coisas novas e estarem em evolução constante.


O trabalho também investiga as mulheres com falta de desejo, que somam 90%, e apresenta três categorias para este grupo.

Educação sexista: baseada numa interdição da sexualidade das mulheres desde a infância, uma valorização da contenção sexual exclusiva para as mulheres, sexo relacionado a culpa, ao interdito e do acesso ao prazer sexual mediado pelo afeto, também apenas para as mulheres.

Assimetria nos relacionamentos: consiste em uma diferença no investimento dos relacionamentos, nos quais as mulheres geralmente são responsabilizadas por eles, e assumindo unilateralmente o compromisso, inclusive com a fidelidade. Também uma diferença de expectativas, as mulheres incorporando roteiros românticos na interação homem-mulher privilegiando a afetividade, por isso o título de um dos artigos frutos da pesquisa foi “Só quero carinho”. Enquanto isso, os homens entram na relação com expectativas de realização sexual, e pouco letrados na afetividade, muitas vezes, e com um sexo aprendido a partir da pornografia. Eles se beneficiam dessa dedicação das mulheres ao relacionamento, o chamado “dispositivo amoroso”, conceito criado por Valeska Zanello.

Impacto na maternidade: A maternidade representa um ponto de inflexão no desejo das mulheres. Há uma sobrecarga incidindo principalmente nas mulheres, e muitas vezes uma decepção com o parceiro na função de pai. Há também identificação da mulher com o papel de mãe, altruísta, abnegada, pura, e uma dificuldade de conciliar esse estereótipo com a de uma mulher que deseja e é desejada. Maternidade e erotismo podem ser coisas difíceis de serem conciliadas na nossa cultura.

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“Essas categorias impactam diferentemente as mulheres, mas têm em comum a cultura, baseada em papeis bem diferenciados de gênero, como a maior mediadora da falta de desejo sexual, atuando na formação de valores e na maneira de se relacionar – e manter a relação – com os seus parceiros”, declara Araújo.

 

Segundo a ginecologista, a falta ou diminuição de desejo é percebida pela maioria das mulheres como uma “culpa", algo individual, uma “falha" atribuída a um motivo biológico, hormonal. “Só que é uma situação que incide sobre 90% das mulheres, e temos que pensar em algo que incida de forma mais global sobre elas. Os aspectos biológicos não explicam essa diferença, pois mulheres com diferentes estados hormonais, usando contraceptivos hormonais ou não, na menopausa ou não, apresentam a mesma queixa”, argumenta.

 

“Assumindo o comportamento sexual como um aprendizado cultural e diferenciado de acordo com o gênero, o objetivo da pesquisa foi avaliar os aspectos culturais que incidem sobre as mulheres e que podem se refletir no seu desejo, na vivência da sua sexualidade.”


 

"Ao homem cabe o papel ativo"

A forma com a qual os homens são moldados pela cultura no comportamento sexual é bem diversa das mulheres, diz Araújo. “Ao homem cabe o papel ativo, o mito do desejo incontrolável (impossível de se renunciar), a valorização da iniciação sexual mais precoce, e de ter um maior número de parceiras, sequenciais ou concomitantes. A eficácia sexual é um dos pilares identitários masculinos.”

 

“O fato de não terem interdição, muito pelo contrário, de serem incentivado no seu desejo, pode levar os homens a lidar com o sexo corriqueiro nos relacionamentos prolongados de uma forma diferente. Ter a iniciativa sexual pelo prazer físico que vai advir do ato em si pode ser estímulo suficiente, sem necessariamente ser proveniente de um desejo especial pela parceira. Muitas vezes o sexo que é performado pelo casal é definido pelo que o homem considera prazeroso, e não pelas preferências da parceira, o que constitui um estímulo maior para o homem para o sexo”, explica a pesquisadora.

 




Tags: sexo, sexo na terceira idade, libido, desejo, desejo sexual

 

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