Vez por outra você tem conflitos com seu cônjuge? Se desentendem? Chegam a discutir? Que bom! É um sinal que vocês são normais! E humanos! Ter conflitos na relação humana é absolutamente normal – e se tratando de casal, com tanto em comum, é de certo modo aceitável, e não é de modo algum motivo para você pensar que se casou com a pessoa errada.
Na verdade, um relacionamento sem conflitos pode ser tão ou mais frágil que um relacionamento conflituoso. A ausência de conflitos pode estar demonstrando uma terrível indiferença na relação.
E o que vai diferenciar os conflitos normais de um casal ‘normal’ dos conflitos realmente perigosos de um casal com problemas sérios é: a frequência com que se tem conflitos, os motivos e a intensidade deles.
Frequência
Se os conflitos acontecem com muita frequência, se qualquer coisa mínima é motivo para as desavenças, e se de tão frequentes começam até a acontecer em frente aos amigos e familiares, certamente este hábito será como um corrosivo para os sentimentos bons, algo que desgastará o prazer de estarem juntos.
Motivos
Se os conflitos acontecem por motivos que ferem a confiança, a dignidade, a lealdade da outra pessoa, novamente temos aqui algo que pode deteriorar um relacionamento. Conheci um caso onde o marido tinha muito ciúme do relacionamento da esposa com o filho dela (enteado dele)! Isso a machucava, e não poderia ser por menos! Como ele poderia imaginar, e expor para ela, uma desconfiança de que uma mãe teria um relacionamento extraconjugal com o próprio filho?
Intensidade
Um conflito pode ser definido como uma divergência de pensamento com outra pessoa, donde surge um impasse. Quando isso acontece com você e seu chefe, você grita, bate porta, ou sabiamente procura um diálogo? E quando acontece isso com seu colega de trabalho? Ou com seus pais? Você ‘perde a linha’? Ou dialoga em busca de um denominador comum?
Por que é mais fácil ser educado na rua, na empresa ou com seus pais, enquanto em casa não se consegue o controle emocional? Você certamente já sabe que com diálogo, paciência, amor e empatia as chances são muito maiores de se obter sucesso num impasse, não é? Sabe que aos berros e pirraças infantis o conflito só tende a piorar? Mas por que é tão difícil fazer o que é certo neste momento?
De acordo com os dicionários, conflito pode significar “profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes”, dentre outros significados. Estar em desacordo pode ser conflituoso ou não. O conflito é o desacordo das partes procurando vencer, enquanto se luta para não ser vencido, o que é ainda pior.
Este tem sido o motivo de inúmeros divórcios todos os dias - a falta de habilidade em resolver conflitos, a famosa “Incompatibilidade de Gênios”. Motivos não faltam: sexo, interferência externa, ciúmes, administração financeira, amizades, adaptação dos costumes que cada um trouxe de sua família de origem, projetos futuros, criação de filhos, stress, falta de atenção, etc.
Vamos ver então a seguir algumas dicas que, a princípio podem parecer simples, mas no dia a dia de um casamento podem fazer total diferença no seu relacionamento.
- Seja um pacificador
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos
derrama a estultícia” - Pv 15:1-2
Durante a resolução de uma questão difícil, você ajuda a manter a boa qualidade do diálogo? Ou é aquele que joga ‘lenha na fogueira’?
- Tenha uma ‘peneira’ de tamanho ideal
Existem peneiras com uma trama bem fina, isto é, aberturas minúsculas. Assim, somente um pó ou uma areia bem fina passará. Dependendo da necessidade da pessoa, a peneira deverá ter uma trama mais fina, ou mais espaçada.
Se num relacionamento conjugal ou mesmo familiar a trama da ‘peneira’ não for bem escolhida e for fina demais, o dono desta ‘peneira’ será um chato insuportável, não deixará passar nada, reclamará por absolutamente tudo o tempo todo.
Penso que esta trama deve ser ajustada de modo a ‘deixar passar’ aquilo que não é tão incômodo assim para você, restando a ser exposto e conversado apenas aqueles pontos que realmente justificam esta necessidade.
- Aprenda a ceder
Esta é uma habilidade fundamental quando se deseja viver em harmonia entre irmãos, com amigos do trabalho, na igreja, na comunidade, bem como em família. Aquele que não sabe ceder deveria tornar-se um ermitão, bem longe de tudo e de todos. Quem não sabe ceder na verdade é uma pessoa sem empatia, um completo egoísta. Não é o ideal ceder sempre! Assim como nunca ceder!
- Ironia e Sarcasmo não ajudam
A ironia usada na hora errada ao invés de aliviar a tensão, de ser engraçada, de quebrar o gelo, na verdade só piora a situação. Por exemplo, a mulher está aos berros e o marido diz: "Fala mais alto que lá da esquina ainda não dá para ouvir"
Já o sarcasmo é quando a pessoa usa palavras ou gestos maliciosos que menosprezam, diminuem, ofendem e machucam a outra pessoa: "Nossa, que inteligente... você pensou isso sozinho?"
Agora responda para gente: como é que a ironia e o sarcasmo vão te ajudar de fato a melhorar a comunicação de vocês? De aprimorar o relacionamento? Só servem para mostrar a incapacidade de dialogar... a falta de habilidade de se comunicar adequadamente.
- Não “jogue na cara”
É horrível quando, em meio a uma argumentação, uma das partes lembra de fatos, ou ‘joga na cara’ do outro as vezes em que ajudou, cedeu, tentando com isso convencer o outro a fazer o mesmo agora, ou a convencê-lo de algo.
- Tenha empatia
Como já tenho dito em quase todos os capítulos (o que demonstra a importância desta característica nos membros de uma família), a empatia é a habilidade de se colocar no lugar do outro. Quando tenho empatia por minha esposa, me coloco no lugar dela ao ouvi-la reclamar sobre algo. Assim, fica mais fácil entender os aspectos de seus questionamentos e compará-los com os meus. Diferente de pensar egoisticamente e não ver mais nada além do meu umbigo.
- Se expresse construtivamente
Não ajuda em nada tentar resolver algum conflito se utilizando de gritos, acusações, ofensas ou palavrões. “Só fale alguma coisa quando suas palavras forem melhores que o silêncio”. Se você está nervoso e a única coisa que vai sair de sua boca não vai ajudar a resolver a questão, então é melhor ficar calado e esperar o momento ideal para conversar.
Trabalho numa área nuclear, e entendo que alguns radionuclídeos podem ser usados para o mal, como bombas, por exemplo, ou para o bem, como diversas aplicações na medicina. O mesmo pode-se dizer das palavras. Elas podem curar ou matar. Então que tal usá-las para curar?
- Nada de apontar dedos
Para muitas pessoas, ter um dedo em riste para si é uma afronta a ser rebatida com veemência. Evite este ato que é considerado grande falta de educação por grande parte das pessoas.
- Ouça
Tão ou mais importante quanto saber falar é saber ouvir. Faz parte fundamental da boa comunicação. John Maxwell, que é um grande escritor da área de liderança diz assim: “Ouça os choros e não terás que ouvir os gritos”. Ouça o seu filho, o marido, a esposa, seus pais. Use um tempo de qualidade para isso, demostrando valorização pelo que é falado e boa vontade para abrir o coração.
Eu já soube de inúmeros casos de infidelidade conjugal que começaram por que alguém de fora do ambiente familiar tinha uma habilidade de ouvir maior que o cônjuge, então aquilo que começou com conversas, confidências e desabafos, acabou com envolvimento emocional e depois o sexual.
- Um conflito de cada vez
Procure resolver cada conflito por vez. Não espere para juntar assuntos a serem discutidos, nem aproveite um conflito que surgiu agora para ‘desenterrar defuntos’ que você mesmo preferiu enterrar ao invés de resolver.
- Dê um tempinho e acalme seu emocional
Algumas conversas acabam ficando acaloradas, isso quando elas já não começam assim. De ‘sangue quente’ as chances de fracasso na resolução da questão são grandes. Dê uma voltinha, um tempinho, respire fundo e devagar várias vezes, encha a boca de água, ou de farinha, mas evite tentar resolver as questões com ânimos exaltados.
- Esqueça do passado
Se no passado existem ‘manchas’, elas precisam ser passadas à limpo. Quando se faz isso, a mancha acaba e não devem ser mais ressuscitadas durante os diálogos do casal.
- Procure uma solução que atenda a ambos
“Descobri há muito tempo que um dos maiores fatores para um casamento feliz é a cuidadosa preocupação com o conforto e o bem-estar do companheiro. Na maioria dos casos, o egoísmo é o fator principal que causa brigas, separações, divórcios e sofrimento”. Gordon B. Hinckley
Pensar apenas no seu posicionamento, no seu bem estar, nos seus projetos e nas suas vontades em detrimento do coletivo é puro egoísmo, um dos maiores detonadores de casamentos.
- Não envolva mais ‘ninguém’
Quando você envolve um terapeuta familiar, um pastor, está de certo modo envolvendo alguém que tem por obrigação ser neutro, não partidário, que analisará a situação ‘de fora’, e de acordo com seus conhecimentos teóricos e práticos, dará conselhos objetivando ajudar o coletivo, a família, não um deles em detrimento dos outros.
Sua mãe, seu amigo de trabalho e a vizinha não farão o mesmo, e provavelmente te darão razão quando na verdade você está errado, enrijecendo sua ‘cerviz’ e dificultando um bom acordo entre você e seu cônjuge.
- Não seja ‘controlador’
Além de ser cansativo e desgastante ao controlador, ao 'controlado' é sufocante!
- Escolha o momento certo, o local, ...
Frente a frente, não em cômodos separados onde precisam gritar... Não na frente dos outros, principalmente filhos, familiares...
- Não fuja do assunto
Problema não são como vinho, que melhora com o tempo. Não fuja do assunto, não seja evasivo. O que é combinado não sai caro”. Se este assunto for bem resolvido hoje, amanhã não será.
- Não busque ser ‘o vencedor’ da pendenga
O outro não é seu inimigo. Você vai dormir com ela daqui a pouco... melhor "ser feliz que ter razão", não é?
- Seja parte da solução, não do problema
Pergunte-se: Será que eu que sou o encrenqueiro? O ‘barraqueiro?’? o Chato?
Conclusão:
Enfim, não faça ameaças, não tenham DRs com fome, peça desculpas, "Melhor ser feliz do que ter razão”, não seja evasivo
Não quero te desanimar, mas nem todos os problemas dentro de um relacionamento terá solução... algumas incompatibilidades acompanharão o casal por décadas...
Administrar conflito requer esforço, domínio próprio.
Aprender a administrar conflitos é o oxigênio da relação conjugal...
Fiquem na Paz que excede a todo o entendimento.